Psiquiatra Ronaldo Laranjeira e os deputados Givaldo
Carimbão e
Aline Corrêa à frente do seminário paulista de políticas públicas
sobre drogas.
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Organizado pela deputada federal Aline Corrêa (PP-SP), em
parceria com a deputada Keiko Ota (PSB-SP), o Seminário de Políticas Públicas
sobre drogas realizado na segunda-feira (10) na Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo antecipou algumas medidas que devem ser votadas no
Congresso Nacional.
O relator da Comissão Especial sobre Políticas Públicas de
Combate às Drogas da Câmara Federal, deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL),
abriuo seminário e antecipou algumas medidas que pretende apresentar ao
colegiado para combater o consumo de drogas no Brasil.
“Uma delas é o aumento da pena para o traficante
que for pego com grandes quantidades de drogas, para diferenciá-lo do pequeno
traficante”, destacou Carimbão, que enalteceu o envolvimento dos deputados
paulistas com o tema. No mês passado, Aline Corrêa movimentou a Região
Metropolitana de Campinas em seminário na Unicamp.
Carimbão também deverá sugerir
a proibição da propaganda de bebidas alcóolicas e o aumento dos impostos sobre
esses produtos, fazendo com que financiem o tratamento de dependentes químicos.
“Todos os usuários de drogas ilícitas iniciam o vício por meio de uma droga
lícita, que é o álcool”, ressaltou.
"Nós temos que rediscutir essa tributação da bebida.
Temos que financiar a recuperação e a repressão das drogas ilícitas, até porque
está comprovado cientificamente em pesquisas que 100% dos que chegaram ao
crack passaram pela bebida. A quinta droga que o ser humano usa é o
crack, a quarta é a cocaína, a primeira é a bebida",
afirmou.
Panorama
O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dos palestrantes do
Seminário paulista, apresentou um panorama geral sobre a problemática do crack
e outras drogas no Brasil. E citou um exemplo internacional: “Os EUA
desenvolveram uma política muito dura para combater o crack; a pena, por
exemplo, para o traficante de crack é 10 vezes maior. O Brasil precisa de uma
estratégia de como controlar essa rede."
Considerado um dos maiores estudiosos sobre o tema “drogas”
na atualidade, o psiquiatria afirmou que evita falar em tráfico no Brasil,
“porque as pessoas associam com gente com metralhadora na favela”. E
acrescentou: “Prefiro falar em 'varejo das drogas', que existe em todas as
cidades brasileiras. E isso acontece porque temos um sistema de distribuição de
drogas fenomenal, uma rede pulverizada e vendendo uma droga muito barata".
Laranjeira alertou para a necessidade de reforçar a
segurança as fronteiras. “Nós temos os 3 maiores produtores de cocaína como
nossos vizinhos. E achar que os países produtores vão diminuir a produção por
boa vontade, ou por diplomacia, é ingenuidade".
Destaques
Também participaram do seminário paulista, com importantes
palestras que contribuíram com o relatório final da CEDROGA, a médica Ana
Cecília Petta Roselli Marques, atual Presidente do Comitê de Drogas da
Associação Paulista de Medicina (APM); o delegado de Polícia Wagner
Giudice, diretor do Denarc; o especialista em Psicologia Multifocal Ariovaldo
Ribeiro; o médico Mauro Aranha, vice-presidente do Cremesp; o médico Arthur
Guerra, presidente executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool
(CISA); Adalberto Calmon Barbosa, diretor de projetos de captação de
recursos da Fazenda da Esperança; o coronel PM Luiz de Castro Junior,
coordenador estadual do PROERD; o terapeuta Fábio Antunes, representante
do grupo “Amor Exigente”; a jornalista Izilda Alves, coordenadora da
Campanha pela Vida Contra Drogas da Jovem Pan e Sônia Regina dos Santos
Hyppólito, que há 32 anos atende crianças, adolescentes e famílias vítimas de
violência em SP.
Frases
Confira frases marcantes dos discursos de Aline Corrêa,
Givaldo Carimbão e Ronaldo Laranjeira durante o Seminário de Políticas Públicas
sobre Drogas em São Paulo:
ALINE CORRÊA (integrante da CEDROGA e CEÁLCOOL)
_ “Nosso trabalho é
desenvolvido com o intuito de melhorar a estrutura de atendimento aos
dependentes, fortalecer o amparo às famílias e promover a obrigatoriedade de
classificação das drogas”.
_ “Reconheço que todos os setores da sociedade têm se
mobilizado e se envolvido em defesa da família brasileira e de medidas de
enfrentamento ao uso das drogas”.
_ “O Brasil perde, anualmente, alguns bilhões de dólares com
gastos relacionados à dependência química, dinheiro que poderia ser empregado
em melhor qualidade de vida para todos”.
_ “Defendo mudanças na legislação para aumentar a destinação
de recursos para os Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (Caps-AD)
e criação de oportunidades de requalificação profissional para
ex-dependentes”.
_ “O Brasil só construirá políticas públicas eficazes quando
essa construção for coletiva, com a participação de quem já trabalha contra a
dependência química, de quem está em contato com o dependente e de quem vê de
perto o sofrimento das famílias”.
GIVALDO CARIMBÃO (relator da CEDROGA)
_ "Não é possível que cada ministério do
governo federal queira fazer um plano específico de combate às drogas.
Estão brincando com uma questão muito séria... Precisamos de uma ação unificada
do governo federal".
_ "Se 90% dos presos brasileiros têm envolvimento com
drogas, precisamos fazer algo para que essas pessoas não cheguem à cadeia.
Custaria muito menos para o Brasil".
_ "Não há dinheiro no mundo capaz de manter a
quantidade de presos que existem no Brasil".
_"A cracolândia não se combate com juiz. Dependente
químico precisa é de acolhimento".
_ "As comunidades terapêuticas têm amor, carinho,
coração, mas não tem capacitação. Têm que ser avaliadas, têm que ter projeto
com começo, meio e fim. Sem avaliação técnica, é assistencialismo
puro".
RONALDO LARANJEIRA (Psiquiatra)
_ "É bastante auspicioso ver os deputados federais por
São Paulo em sintonia com a população, envolvidos com este tema".
_ "O ministro Alexandre Padilha (saúde) mostra melhor
capacidade crítica e analítica em relação às drogas do que os ministros que o
antecederam".
_ "Os EUA gastaram alguns milhões de dólares em modelos
de prevenção. E os que funcionam envolvem escolas e famílias. Por anos! E nada
de amadorismo!"
_ "Para mim, a população da cracolândia está clamando
por uma internação involuntária (com critérios técnicos). Não concordo com a
internação compulsória."
_ "Os exemplos são poucos e raros no Brasil. Diadema é
um desses exemplos: fechou os bares e registrou um impacto fenomenal sobre os
índices de violência".
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