terça-feira, 11 de outubro de 2011

Seminário sobre drogas em SP antecipa nova legislação nacional



Psiquiatra Ronaldo Laranjeira e os deputados Givaldo Carimbão e 
Aline Corrêa à frente do seminário paulista de políticas públicas sobre drogas.

Organizado pela deputada federal Aline Corrêa (PP-SP), em parceria com a deputada Keiko Ota (PSB-SP), o Seminário de Políticas Públicas sobre drogas realizado na segunda-feira (10) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo antecipou algumas medidas que devem ser votadas no Congresso Nacional.

O relator da Comissão Especial sobre Políticas Públicas de Combate às Drogas da Câmara Federal, deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL), abriuo seminário e antecipou algumas medidas que pretende apresentar ao colegiado para combater o consumo de drogas no Brasil.

“Uma delas é o aumento da pena para o traficante que for pego com grandes quantidades de drogas, para diferenciá-lo do pequeno traficante”, destacou Carimbão, que enalteceu o envolvimento dos deputados paulistas com o tema. No mês passado, Aline Corrêa movimentou a Região Metropolitana de Campinas em seminário na Unicamp.

       Carimbão também deverá sugerir a proibição da propaganda de bebidas alcóolicas e o aumento dos impostos sobre esses produtos, fazendo com que financiem o tratamento de dependentes químicos. “Todos os usuários de drogas ilícitas iniciam o vício por meio de uma droga lícita, que é o álcool”, ressaltou.
"Nós temos que rediscutir essa tributação da bebida. Temos que financiar a recuperação e a repressão das drogas ilícitas, até porque está comprovado cientificamente em pesquisas que 100% dos que chegaram ao crack passaram pela bebida. A quinta droga que o ser humano usa é o crack, a quarta é a cocaína, a primeira é a bebida", afirmou.


Panorama
O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dos palestrantes do Seminário paulista, apresentou um panorama geral sobre a problemática do crack e outras drogas no Brasil. E citou um exemplo internacional: “Os EUA desenvolveram uma política muito dura para combater o crack; a pena, por exemplo, para o traficante de crack é 10 vezes maior. O Brasil precisa de uma estratégia de como controlar essa rede."

Considerado um dos maiores estudiosos sobre o tema “drogas” na atualidade, o psiquiatria afirmou que evita falar em tráfico no Brasil, “porque as pessoas associam com gente com metralhadora na favela”. E acrescentou: “Prefiro falar em 'varejo das drogas', que existe em todas as cidades brasileiras. E isso acontece porque temos um sistema de distribuição de drogas fenomenal, uma rede pulverizada e vendendo uma droga muito barata".

Laranjeira alertou para a necessidade de reforçar a segurança as fronteiras. “Nós temos os 3 maiores produtores de cocaína como nossos vizinhos. E achar que os países produtores vão diminuir a produção por boa vontade, ou por diplomacia, é ingenuidade".


Destaques 
Também participaram do seminário paulista, com importantes palestras que contribuíram com o relatório final da CEDROGA, a médica Ana Cecília Petta Roselli Marques, atual Presidente do Comitê de Drogas da Associação Paulista de Medicina (APM); o delegado de Polícia Wagner Giudice, diretor do Denarc; o especialista em Psicologia Multifocal Ariovaldo Ribeiro; o médico Mauro Aranha, vice-presidente do Cremesp; o médico Arthur Guerra, presidente executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA); Adalberto Calmon Barbosa, diretor de projetos de captação de recursos da Fazenda da Esperança; o coronel PM Luiz de Castro Junior, coordenador estadual do PROERD; o terapeuta Fábio Antunes, representante do grupo “Amor Exigente”; a jornalista Izilda Alves, coordenadora da Campanha pela Vida Contra Drogas da Jovem Pan e Sônia Regina dos Santos Hyppólito, que há 32 anos atende crianças, adolescentes e famílias vítimas de violência em SP.


Frases
Confira frases marcantes dos discursos de Aline Corrêa, Givaldo Carimbão e Ronaldo Laranjeira durante o Seminário de Políticas Públicas sobre Drogas em São Paulo:

ALINE CORRÊA (integrante da CEDROGA e CEÁLCOOL)

       _ “Nosso trabalho é desenvolvido com o intuito de melhorar a estrutura de atendimento aos dependentes, fortalecer o amparo às famílias e promover a obrigatoriedade de classificação das drogas”.
_ “Reconheço que todos os setores da sociedade têm se mobilizado e se envolvido em defesa da família brasileira e de medidas de enfrentamento ao uso das drogas”.
_ “O Brasil perde, anualmente, alguns bilhões de dólares com gastos relacionados à dependência química, dinheiro que poderia ser empregado em melhor qualidade de vida para todos”.
_ “Defendo mudanças na legislação para aumentar a destinação de recursos para os Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (Caps-AD) e criação de oportunidades de requalificação profissional para ex-dependentes”.
_ “O Brasil só construirá políticas públicas eficazes quando essa construção for coletiva, com a participação de quem já trabalha contra a dependência química, de quem está em contato com o dependente e de quem vê de perto o sofrimento das famílias”.


GIVALDO CARIMBÃO (relator da CEDROGA)

_ "Não é possível que cada ministério do governo federal queira fazer um plano específico de combate às drogas. Estão brincando com uma questão muito séria... Precisamos de uma ação unificada do governo federal".
_ "Se 90% dos presos brasileiros têm envolvimento com drogas, precisamos fazer algo para que essas pessoas não cheguem à cadeia. Custaria muito menos para o Brasil".
_ "Não há dinheiro no mundo capaz de manter a quantidade de presos que existem no Brasil".
_"A cracolândia não se combate com juiz. Dependente químico precisa é de acolhimento".
_ "As comunidades terapêuticas têm amor, carinho, coração, mas não tem capacitação. Têm que ser avaliadas, têm que ter projeto com começo, meio e fim. Sem avaliação técnica, é assistencialismo puro".


RONALDO LARANJEIRA (Psiquiatra)

_ "É bastante auspicioso ver os deputados federais por São Paulo em sintonia com a população, envolvidos com este tema".
_ "O ministro Alexandre Padilha (saúde) mostra melhor capacidade crítica e analítica em relação às drogas do que os ministros que o antecederam".
_ "Os EUA gastaram alguns milhões de dólares em modelos de prevenção. E os que funcionam envolvem escolas e famílias. Por anos! E nada de amadorismo!"
_ "Para mim, a população da cracolândia está clamando por uma internação involuntária (com critérios técnicos). Não concordo com a internação compulsória."
_ "Os exemplos são poucos e raros no Brasil. Diadema é um desses exemplos: fechou os bares e registrou um impacto fenomenal sobre os índices de violência".

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